AS VÁRIAS NOÇÕES DE LEITURA
A
polissemia, os vários significados que
uma palavra pode ter, cabe muito bem quando o assunto é LEITURA. Orlandi,
(1996-07), na apresentação de seu livro “Discurso e Leitura” distingue os vários
sentidos com que se toma a leitura. Dessa forma:
“Leitura,
vista em sua acepção mais ampla, pode ser entendida como “atribuição de
sentidos”. Daí ser utilizada indiferentemente tanto para a escrita como para a
oralidade. Diante de um exemplar de linguagem, de qualquer natureza, tem-se a
possibilidade da leitura. Pode-se falar, então, em leitura tanto da fala
cotidiana da balconista como do texto de Aristóteles.
Por outro
lado, pode significar “concepção”, e é nesse sentido que é usada quando se diz “leitura
de mundo”. Esta maneira de se usar a palavra leitura reflete a relação com a
noção de ideologia, de forma mais ou menos geral e indiferenciada.
No sentido
mais restrito, acadêmico, “leitura” pode significar a construção de um aparato
teórico e metodológico de aproximação de um texto: são as várias leituras de
Saussure, as possíveis leituras de um texto de Platão, etc.
Em um sentido
ainda mais restritivo, em termos agora de escolaridade, pode-se vincular
leitura à alfabetização (aprender a ler e escrever) e leitura pode adquirir
então o caráter de estrita aprendizagem formal.”
Observando os
vários sentidos percebe-se que para cada definição, há uma vertente, uma
corrente ideológica, há uma maneira de se encaminhar na leitura. Apenas nos quatro sentidos apontados acima
temos: a leitura para atribuir sentidos, tudo torna-se passível de ter
significado seja qual for o contexto situacional. Em um segundo sentido aparece
como concepção, que se volta para a ideologia, dessa maneira como não há texto
puro, tudo converge para o modo como se vê e entende o mundo que nos cerca.
Um outro
sentido, o acadêmico, para o entendimento e aprofundamento de uma teoria, como
nos deparamos e construímos o conhecimento e outras possíveis teorias a partir
de uma outra já existente, neste caso a leitura é um embasamento. Por último, e
não menos importante, a leitura para a aprendizagem, que é aquela com a qual trabalhamos diretamente em nosso
cotidiano de escolas públicas e para a qual temos que nos debruçar com mais
empenho para melhorá-la se quisermos ter uma aprendizagem formal com qualidade.
A escola é um dos pilares para a formação de leitores e dentro dela mostrarmos
que “há múltiplos e variados modos de leitura” (Orlandi, 1996-08) que devem ser
trabalhados paulatinamente e ininterruptamente.
Fonte:
ORLANDI, Eni Pulcinelli.Discurso e
Leitura.3.ed., São Paulo, Cortez, Campinas, SP. 1996.
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