sábado, 22 de junho de 2013

OS DESAFIOS DA VIDA CONTEMPORÂNEA PARA A LÍNGUA PORTUGUESA
A despeito de qualquer colocação sobre os desafios a serem enfrentados na contemporaneidade, cabe dizer que de acordo com Neves (2001-49), “a crise do paradigma se instaura no momento em que esse modelo não mais funciona, quer por mudanças conceituais, quer por mudanças de visão do mundo.”
Dessa forma o que estamos vivenciando na atualidade em nossas salas de aula, como diz Fanfani (2000-02) “é que os adolescentes e jovens recém-chegados ao ensino médio trazem consigo tudo o que eles são como classe e como cultura” e isso acaba por desestabilizar os modelos de ensino/aprendizagem em vigência há muito tempo. E isso resulta em alunos que não veem ou que não têm perspectiva de vida durante e após o ensino médio.
A busca por um ponto de equilíbrio que possa proporcionar um ensino e uma aprendizagem efetiva passa pela reformulação da escola em muitos aspectos, como por exemplo, a formação constante do professor e que este tenha voz ativa na construção de propostas para a educação, a adequação das tecnologias voltadas para a área educacional, bem como e não menos importante a predisposição das partes envolvidas no jogo de ensinar e de aprender.
Quando verificamos as diretrizes da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de Língua Portuguesa, vemos que há “princípios para um currículo comprometido com o seu tempo:
Uma escola que também aprende (...) a capacidade de aprender terá de ser trabalhada não apenas no aluno, mas na própria escola, enquanto instituição educativa: tanto as instituições como os docentes terão de aprender.” (pág.10)
Nos dias atuais conceber a linguagem apenas como leitura e escrita de textos impressos em um único formato não cabe mais no nosso ambiente escolar, manter a cultura não escolarizada como diz Fanfani (2000-8) “distante da cultura escolar” também não é possível assim como todos os letramentos disponíveis. A escola ou a disciplina que antes se posicionava apenas como reprodutora de conhecimentos consolidados vem perdendo seu espaço e encontra-se deslocada quando são questionadas sobre a sua finalidade, principalmente pelos alunos (na indisciplina, descaso) que não compreendem a lógica deste ensino.
A diversidade de culturas, linguagens e ideologias que existem fora dos muros escolares deverão neste momento do mundo contemporâneo tornar-se o ponto para equacionar as diferenças que vem sendo apontadas quando se percebe que o fracasso escolar se apresenta cada vez mais como evidente entre seus atores no sistema educacional.
Como relata Bakhtin (1997-119), “na ideologia do cotidiano, é preciso distinguir vários níveis determinados pela escala social que  serve para medir a atividade mental e a expressão, e pelas forças sociais em relação às quais eles vem diretamente orientar-se.” Assim os desafios colocados pela vida contemporânea para o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa devem passar pela incorporação, divulgação, descoberta e aproveitamento de todas as linguagens existentes, carregadas de suas ideologias e desprovidas de preconceitos.
Quanto ao uso da tecnologia, que é um outro aspecto desafiador, de acordo com Moran (2000-1) “uma mudança qualitativa no processo de ensino-aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais”, isto é, abarcar o uso da tecnologia integrada aos letramentos múltiplos pode proporcionar um desenvolvimento educacional mais efetivo e completo.
Toda essa diversidade que em princípio traz à fragmentação, parecendo a primeira vista uma processo contraditório, pode favorecer na formação de um cidadão com várias perspectivas sobre sua cultura, fazendo uso da tecnologia como uma aliada na construção de seu conhecimento permanente, atingindo um ensino-aprendizagem de forma plena, passando a fazer sentido para essa massa de adolescentes e jovens enviados às escolas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BAKHTIN, Mikhail/Volochinov. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 8.ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
FANFANI, Emílio Tenti. “Culturas jovens e cultura escolar”. In: Escola Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio. Seminário organizado pelo Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Coordenação Geral de Ensino Médio. Brasília. De 7 a 9 de junho de 2000.
MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na Educação: Teoria e Prática. Porto Alegre, vol. 3, n.1 (set.2000) UFRGS. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, p. 137-144. Disponível em: HTTP://www/eca.usp.br/prof/moran/inov.htm> . Acesso em 07.dez.2011.
NEVES, Maria Apparecida C. Mamede.   A Crise dos Paradigmas em Educação na Óptica da Psicologia. In: BRANDÃO, Zaia (ORG). A crise dos paradigmas e a educação. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2001, p.48-57.

SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Língua Portuguesa/ Coord. Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2008.

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