OS DESAFIOS DA VIDA
CONTEMPORÂNEA PARA A LÍNGUA PORTUGUESA
A
despeito de qualquer colocação sobre os desafios a serem enfrentados na
contemporaneidade, cabe dizer que de acordo com Neves (2001-49), “a crise do
paradigma se instaura no momento em que esse modelo não mais funciona, quer por
mudanças conceituais, quer por mudanças de visão do mundo.”
Dessa
forma o que estamos vivenciando na atualidade em nossas salas de aula, como diz
Fanfani (2000-02) “é que os adolescentes e jovens recém-chegados ao ensino
médio trazem consigo tudo o que eles são como classe e como cultura” e isso
acaba por desestabilizar os modelos de ensino/aprendizagem em vigência há muito
tempo. E isso resulta em alunos que não veem ou que não têm perspectiva de vida
durante e após o ensino médio.
A
busca por um ponto de equilíbrio que possa proporcionar um ensino e uma
aprendizagem efetiva passa pela reformulação da escola em muitos aspectos, como
por exemplo, a formação constante do professor e que este tenha voz ativa na
construção de propostas para a educação, a adequação das tecnologias voltadas
para a área educacional, bem como e não menos importante a predisposição das
partes envolvidas no jogo de ensinar e de aprender.
Quando
verificamos as diretrizes da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a
disciplina de Língua Portuguesa, vemos que há “princípios para um currículo
comprometido com o seu tempo:
Uma
escola que também aprende (...) a capacidade de aprender terá de ser trabalhada
não apenas no aluno, mas na própria escola, enquanto instituição educativa:
tanto as instituições como os docentes terão de aprender.” (pág.10)
Nos
dias atuais conceber a linguagem apenas como leitura e escrita de textos
impressos em um único formato não cabe mais no nosso ambiente escolar, manter a
cultura não escolarizada como diz Fanfani (2000-8) “distante da cultura escolar”
também não é possível assim como todos os letramentos disponíveis. A escola ou
a disciplina que antes se posicionava apenas como reprodutora de conhecimentos
consolidados vem perdendo seu espaço e encontra-se deslocada quando são
questionadas sobre a sua finalidade, principalmente pelos alunos (na
indisciplina, descaso) que não compreendem a lógica deste ensino.
A
diversidade de culturas, linguagens e ideologias que existem fora dos muros
escolares deverão neste momento do mundo contemporâneo tornar-se o ponto para
equacionar as diferenças que vem sendo apontadas quando se percebe que o
fracasso escolar se apresenta cada vez mais como evidente entre seus atores no
sistema educacional.
Como
relata Bakhtin (1997-119), “na ideologia do cotidiano, é preciso distinguir
vários níveis determinados pela escala social que serve para medir a atividade mental e a
expressão, e pelas forças sociais em relação às quais eles vem diretamente
orientar-se.” Assim os desafios colocados pela vida contemporânea para o
ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa devem passar pela incorporação,
divulgação, descoberta e aproveitamento de todas as linguagens existentes,
carregadas de suas ideologias e desprovidas de preconceitos.
Quanto
ao uso da tecnologia, que é um outro aspecto desafiador, de acordo com Moran
(2000-1) “uma mudança qualitativa no processo de ensino-aprendizagem acontece
quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias:
as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e
corporais”, isto é, abarcar o uso da tecnologia integrada aos letramentos
múltiplos pode proporcionar um desenvolvimento educacional mais efetivo e
completo.
Toda
essa diversidade que em princípio traz à fragmentação, parecendo a primeira
vista uma processo contraditório, pode favorecer na formação de um cidadão com
várias perspectivas sobre sua cultura, fazendo uso da tecnologia como uma
aliada na construção de seu conhecimento permanente, atingindo um
ensino-aprendizagem de forma plena, passando a fazer sentido para essa massa de
adolescentes e jovens enviados às escolas.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
BAKHTIN,
Mikhail/Volochinov. Marxismo e Filosofia
da Linguagem. 8.ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
FANFANI,
Emílio Tenti. “Culturas jovens e cultura
escolar”. In: Escola Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio. Seminário
organizado pelo Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e
Tecnológica. Coordenação Geral de Ensino Médio. Brasília. De 7 a 9 de junho de
2000.
MORAN,
José Manuel. Ensino e aprendizagem
inovadores com tecnologias.
Informática na Educação: Teoria e Prática. Porto Alegre, vol. 3, n.1
(set.2000) UFRGS. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, p.
137-144. Disponível em: HTTP://www/eca.usp.br/prof/moran/inov.htm>
. Acesso em 07.dez.2011.
NEVES,
Maria Apparecida C. Mamede. A
Crise dos Paradigmas em Educação na Óptica da Psicologia. In: BRANDÃO, Zaia
(ORG). A crise dos paradigmas e a
educação. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2001, p.48-57.
SÃO
PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São
Paulo: Língua Portuguesa/ Coord. Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2008.
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